Pico da Bandeira
Chegamos em Alto Caparaó às 11:00 da sexta-feira. Já tinha marcado de encontrar o guia Josias na Pousada do Rui. Combinamos de sair às 17:30, então aproveitamos para almoçar e descansar. O almoço na pousada é ótimo, comida caseira e variada (arroz, feijão, fritas, mandioca, bife, salada...)
Fiquei sabendo do Josias e da Pousada pesquisando na internet sobre outras pessoas que já tinham ido ao Pico da Bandeira. Mandei e-mail para a pousada e combinei tudo com a Rilsa (https://www.pousadadorui.com.br/). O Josias é um dos guias mais experientes da cidade, e vai nos contando sobre a vida na região, da época em que o gado dominava a serra à consolidação da cidade de Alto Caparaó.
Saímos no horário combinado e chegamos à portaria do Parque Nacional do Caparaó pouco depois (a portaria agora fecha às 18:00 e tem taxa de entrada de R$12,50 por pessoa + R$6,00 para quem vai acampar no parque). Subimos de carro até a Tronqueira, ultimo ponto permitido para automóveis. É possível acampar ali também.
Começamos a caminhada às 18:00. Essa primeira parte é mais tranquila. São 3,5Km de trilha bem demarcada, com pedras, mas sem grande inclinação. Apesar disso, é subida o tempo todo. Levamos 1hora e 40minutos até o Terreirão, onde acampamos. Na verdade acampar é força de expressão, já tínhamos decidido não levar barraca.
No Terreirão tem uma casa de pedra que fica aberta para os turistas, estrutura de banheiro, pias e água gelada. Ficamos numa cobertinha ao lado dos banheiros, fizemos um colchão de palha e dormimos em saco de dormir. Choveu um pouco, ventou bastante, mas consegui dormir um tempo...
Saímos às 2:30 do sábado, para ver o nascer do sol no Pico. Essa segunda etapa da subida tem partes muito tranquilas, de caminho de terra; e partes inclinadas, de pedra. São 4,5Km de caminhada, que resultam numa subida de 500m em altitude, chegando aos 2.890m no Pico da Bandeira. Levamos 2 horas e meia para a subida e nos escondemos entre umas pedras para esperar o sol.
Apesar de ser verão, estava frio (pela altitude) o que piora com o vento e chuva. No topo estava ventando muuuuiiiiito e choveu um pouco enquanto nos encolhíamos nas pedras. Ainda assim tivemos sorte, pois quem esperou amanhecer para subir teve de encarar muito mais chuva. O sol nasceu, mas não o vimos, apenas aquela linha vermelha no horizonte marcando as nuvens. Mesmo com o tempo fechado, o visual é lindo. São montanhas para todos os lados e aquele mar de nuvens abaixo de nós.
Descemos até o Terreirão em 2 horas, começou a chover assim que chegamos e ficamos esperando passar. Terminamos a descida em mais 1hora e 15minutos. Usei joelheiras na descida e pela primeira vez não tiver dor nos joelhos em uma caminhada como essa, realmente ajuda muito, mesmo para quem não tem lesão nenhuma.
Ainda passamos na Cachoeira Bonita e no Vale Verde que ficam dentro do Parque.
Voltamos à Pousada do Rui, tomamos um bom banho quente e descansamos. À noite fomos comer num restaurante que fica no caminho do Parque, o Estância Gourmet. Comida boa, muito bem servida e preço bom. De modo geral a cidade tem bons preços e bom atendimento, além de muitas outras opções de turismo que não o Pico da Bandeira. Vale a pena conferir a região! Ah, e muitas igrejas... me pareceu desproporcional tanta igreja para uma cidade tão pequena...
No dia seguinte fechamos nossa conta na Pousada, levando um pó de café produzido pelo Rui e seguimos para a cachoeira das Andorinhas. É um parque à 8Km do centro, numa estrada de terra boa, com cachoeiras, poços para nadar e restaurante. Também têm criação de avestruz e um picolé “recheado”. Taxa de entrada R$8,00.
Finalmente conheci o ponto mais alto do sudeste e me surpreendi. A subida é longa e cansativa, mas não é difícil. A região tem inúmeras opções de turismo, além de ótima comida e pessoas receptivas. Foi uma ótima viagem!!!
Algumas dicas: levem blusa e protetor solar, independente da época do ano. Capa de chuva é indispensável no verão. Joelheira ajuda muito em descidas íngremes e caminhadas longas. Tenham sempre um bastão de caminhada, seja de madeira (resistente, por favor!!) ou aqueles próprios para trekking. Calça comprida e tênis/bota confortáveis (afinal é uma caminhada no meio do mato, em altitude). Parece bobagem dizer essas coisas, mas vi gente subindo de shortinho e regata, sapatilha, ou se apoiando em galhos secos como cajado...