Ética
Assunto interessante a ética. Lembro-me de quando era pequena e tive aula de uma matéria que não sei o nome, mas era uma dessas matérias estranhas que algumas escolas criavam para tentar “tapar o sol com a peneira”, enquanto a Filosofia e Sociologia não voltavam ao currículo. Essas matérias eram meio que jogadas na grade curricular, e os professores eram jogados nas salas de aula sem preparo algum. Pensando hoje, talvez sequer soubessem exatamente sobre o que deveriam falar.
Mas o que me recordo é escrever, por várias e várias aulas, um ditado interminável que começava, a cada parágrafo, com a frase “Uma pessoa vive eticamente quando...”. Claramente eu passei a odiar a ética, não me esforçava para entender uma palavra sequer daquele texto e continuava redigindo no modo automático.
Muito tempo depois a ética me ganhou. Começando por um curso livre de Filosofia, o qual reservava um terço do conteúdo ao assunto, e que simplesmente mudou minha visão, não só da ética e, consequentemente, da moral, mas das ciências humanas, da filosofia e das relações humanas no geral.
“Fazer a coisa certa” deixou de ser tolice de ingênuos que querem acreditar no bem e passou a ser a única opção válida, desde que eu estivesse preparada para toma-la. O que, em um primeiro momento, pode parecer uma tentativa de fugir de qualquer responsabilidade, já que o que não pudesse fazer, estaria perdoado. E não é essa a minha intenção. O que quis dizer é que passei a observar meus atos e, em tudo o que pude, passei a fazer a escolha “certa”. Claro que aí esbarrei em muitas limitações e paradigmas, esses despendem de mais tempo para a mudança, mas podem ser resolvidos se a mesma postura for mantida em todo o processo.
Outro dia, em um curso do Professor Clóvis de Barros Filho, minha visão sobre a ética ficou um pouco mais clara, quando foi dito que a ética não está pronta, mas deve ser construída conforme o próprio desenvolvimento humano. Humano, claro, porque os outros animais são o que são em sua natureza, mas os humanos podem ser de diversas formas, inclusive na tentativa de fugir de suas características naturais (e os alucinados pela aparência em parceria com a mídia podem comprovar isso, alimentando preconceitos que também cabem apenas aos humanos).
Mas se a ética não está acabada e claramente não está, não há um caminho certo. Sendo assim, meu lento caminhar, no qual ajo eticamente sempre que consigo e tento estender minhas capacidades para que esse desejo pelo certo possa ocupar todas as partes da minha vida é, não apenas uma desculpa para o fracasso da perfeição, mas antes a realidade de um ser humano que se ocupa deste tema.